Precisamos pensar em, pelo menos, 2 questões: a primeira diz respeito ao modo como nós, professores, trabalhamos com a leitura em sala de aula, e a segunda, a maneira como nossos alunos entendem a relação entre ler e conhecer/aprender. Falarei delas ao mesmo tempo, a fim de refletir com vocês, tomando como referência práticas em sala de aula.
Como já alertei (...), fazemos um trabalho com a leitura bastante vinculado a cobranças, sem objetivo e sentido para os alunos. Outras vezes, estabelecemos objetivos bem claros e interessantes, mas acabamos cometendo o equívoco de explorar o texto apenas pela decodificação e localização de informações.
Mas será que estabelecer a relação entre letras e sons na formação de palavras e levar os alunos a localizar informações no texto não é um trabalho importante de leitura?
A resposta que me parece mais completa é sim, esse trabalho é importante, porém insuficiente. Vamos analisar bem de perto essa questão?
Pensando nas salas de aula do 7º ano, realidade comum das professoras Manuela e Raquel, entendo que tais dificuldades de interpretação de textos não estejam voltadas à alfabetização, no sentido do conhecimento do alfabeto, valor sonoro das letras, orientação da leitura (esquerda para direita, de cima para baixo) entre outras capacidades básicas. Assim, o que falta a esses alunos? Acredito que seja entender que a leitura de um texto promove aprendizado, conhecimento (sobre as palavras, autores, histórias, gêneros…), diversão e possibilidade de escrever sob o efeito de tudo que se aprendeu, ou seja, registrar por escrito opiniões, curiosidades, modos de organizar textos e articular informações que são apreendidos pela leitura.
Assim, se nossos alunos têm dificuldades para dialogar com os textos, vamos fazer isso com eles, provocando discussões coletivas; se não conseguem ultrapassar o limite do ler por obrigação, sofrendo a cada página, vamos conversar com eles e definir juntos o que será lido; se leem um texto e não respondem às questões corretamente, vamos analisar quais capacidades de leitura estão sendo propostas nessas perguntas, localizar as principais dificuldades e trabalhar para que os alunos possam avançar.
Precisamos sempre nos perguntar: em que medida o modo como os alunos leem tem relação com a forma como trabalho com a leitura? Mais uma vez, não se trata de apontar culpados pelo trabalho (não ou mal) feito anteriormente, mas apostar na nossa condição de favorecer uma reflexão consistente, iniciada por um claro diagnóstico de dificuldades e saberes dos alunos sobre a leitura. Para terminar, retomo a pergunta do Gildasio, “que tipo de leitura devo levar até eles?”, para dizer que antes de pensarmos nas próximas leituras, temos de olhar para trás, investigar a história de nossos alunos como leitores para, assim, eleger o gênero mais conhecido pela maioria para explorar capacidades de leitura, cientes de que eles sabem sobre o gênero e terão o que dizer. A partir disso, um outro gênero, envolvendo a mesma temática, poderá aparecer, favorecendo o trabalho de comparação, relação entre textos e ampliação de conhecimentos.
Uma dica final, que serve como uma espécie de convite: vamos olhar a leitura para além das palavras escritas, considerando outras linguagens, convidando nossos alunos a explorar as variadas formas de ler, conhecer, investigar e aprender com/pela leitura, de modo a levá-los a uma análise mais consistente e crítica dos textos!
Obrigada pelo envio das perguntas, excelente trabalho a todos, um abraço e até já,
Participe!
Qual a referência desse texto?
ResponderExcluirTodas as vezes que realizamos um post há um link que remete ao texto original. Em alguns posts optamos por escrever "fonte" e em outros (como é o caso acima) deixamos uma palavra que remete ao link do texto original. Coloque o cursor em cima da palavra "Olímpia" e você terá acesso ao texto original.
ResponderExcluirAgradecemos sua visita!
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Secretaria Municipal da Educação de Marília - SP