Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas iniciadas no último século e que nos fazem observar uma população cada vez mais envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida.
O conceito de qualidade de vida está relacionado à auto-estima e ao bem-estar pessoal e abrange uma série de aspectos como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive. O conceito de qualidade de vida, portanto, varia de autor para autor e, além disso, é um conceito subjetivo dependente do nível sociocultural, da faixa etária e das aspirações pessoais do indivíduo. Fonte
O estudo acima teve como objetivo conhecer a opinião da população com 60 anos ou mais de um município de porte médio do interior do Estado de São Paulo sobre o que é, para eles, qualidade de vida. Vejamos:
Categoria 1 - Preservando os relacionamentos interpessoais (49% - 179 idosos): significa poder manter fortalecidos em número e qualidade os vínculos com a família, contribuindo se possível com a educação de filhos e netos, bem como estendendo a vizinhos e amigos, solidificando sua rede de suporte social na senectude. As unidades de registro que retratam a categoria foram agrupadas de maneira que, para o idoso, ter qualidade de vida é "ter um bom convívio social com todos, particularmente com vizinhos e amigos; um bom relacionamento familiar, incluindo uma boa criação e educação dos filhos e netos;capacidade para estabelecer contato com as pessoas e fazer novas amizades; e um bom relacionamento com o cônjuge."
Categoria 2 – Mantendo uma boa saúde (38,9% - 142 idosos): destes, 29% (41 idosos) relativos especificamente aos hábitos saudáveis. Para eles, qualidade de vida é poder adotar hábitos de vida considerados saudáveis, relativos à alimentação, ao sono, à prática de exercícios físicos regulares e ao não uso de drogas."Ter uma alimentação balanceada; dormir adequadamente; praticar esportes; e não usar droga são indispensáveis para a manutenção da qualidade de vida."
Categoria 3 – Mantendo o equilíbrio emocional (34,25% - 125 idosos): promover qualidade de vida é dispor de tranqüilidade, bom humor e sentir-se satisfeito com a vida, atributos relativos a saúde mental que ajudam os idosos a se manterem fortalecidos no enfrentamento das atividades diárias e dos desafios impostos pela vivência. As unidades de registro que compõem a categoria foram agrupadas de tal maneira que, para o idoso, ter qualidade de vida é relatado como "ter motivação para as atividades diárias e para novas atividades e/ou desafios; tranqüilidade; satisfação com a vida; bom humor e estabilidade emocional, mesmo em situações desfavoráveis."
Categoria 4 – Acumulando bens materiais (28,5% - 104 idosos): significa que, ao longo da vida, a pessoa precisa ir conquistando e reunindo bens que possam contribuir para a sua segurança e conforto na senectude. Para tanto, acham necessário ter um bom salário, sabendo poupá-lo, bem como dispor de casa própria. São condições que poderão lhes conferir autonomia quanto: à alimentação, vestuário, transporte, obtenção de eletrodomésticos, assistência médica e medicamentos necessários. As unidades de registros que retratam a categoria foram agrupadas e expressas de tal maneira que, "conquistar a vida com qualidade é ter um bom salário; saber utilizar o dinheiro sem fazer dívidas; poder comprar alimentos, vestuário, eletrodomésticos e automóveis; ter conforto; ter casa própria; poder consultar médicos particulares e comprar os remédios necessários."
Categoria 5 – Tendo lazer (22,46% - 82 idosos): significa entretenimento, conjunto de atos que promovem divertimento, distração e relaxamento, contribuindo para a qualidade de vida dos idosos, tais como: "viajar, passear, andar de bicicleta, ouvir música, dançar, plantar, pescar, fazer churrasco, encontrar amigos, jogar baralho, cuidar de animais de estimação e fazer algum tipo de artesanato como bordado, tricô ou crochê."
Categoria 6 – Trabalhando com prazer (6,3% - 23 idosos): significa que o trabalho, principalmente quando desempenhado com prazer, é um meio para se obter qualidade de vida.
Categoria 7 – Vivenciando a espiritualidade (8,22% - 30 idosos): significa a adesão a um conjunto de dogmas e doutrinas que constituem a anuência pessoal aos desígnios e manifestações relativas à religião e, portanto, para os entrevistados,"qualidade de vida é, também, ter religião e fé."
Categoria 8 – Praticando a retidão e a caridade (4,93% - 18 idosos): significa a sua satisfação em poder praticar a solidariedade e a honestidade. As unidades de registros que representam a categoria foram agrupadas de tal maneira que qualidade de vida para o idoso é, também, poder "praticar o bem junto ao seu semelhante e saber que é honesto, não prejudicando, mas ajudando o semelhante, e cumprir adequadamente suas obrigações."
Categoria 9 – Acessando o conhecimento (4,11% - 15 idosos): qualidade de vida significa ter acesso à educação, apropriando-se de conhecimentos no decorrer da vida, por meio de estudos e leituras. As unidades de significação que compreendem a categoria acessar conhecimento como componente da qualidade de vida são: "poder ler e estudar ou mesmo ter estudado no passado."
Categoria 10 – Vivendo em ambiente favorável (2,46% - 9 idosos): qualidade de vida significa poder morar em locais tranquilos, onde ainda se consegue preservar a segurança e a despoluição ambiental. Para eles, ter qualidade de vida é "poder viver em locais seguros e despoluídos, como se preserva ainda no campo, viver em um ambiente não poluído e sem violência"
Categoria 11 - Não respondendo (3,56% - 13 idosos): significa aqueles idosos que preferiram omitir significados à qualidade de vida, tais como: "eu não saberia responder".
Um dos idosos entrevistados, afirmou que qualidade de vida é "uma condição variável de pessoa para pessoa".
Após a palestra houve aferição de pressão arterial, peso e altura, exame de diabetes e acuidade visual realizada pela Equipe de Saúde da UBS local.
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